quarta-feira, 20 de junho de 2007

O Brasil não é um país sério

Assim como Nelson Rodrigues atribuiu a Otto Lara Resende a frase "O mineiro só é solidário no câncer", que o jornalista mineiro Lara Resende sempre negou, e a coisificação da frase em si tornou-se muito mais relevante do que o fato de ele tê-la proferido ou não, também se atribuiu ao estadista francês Charles de Gaulle as palavras "O Brasil não é um país sério", em visita ao país em 1960. Certo é que o Brasil é um país pitoresco, sobretudo ao olhar estrangeiro.

David Ben-Gurion, um dos fundadores do Estado de Israel, ao se referir à renúncia de Jânio Quadros, perguntou-se como alguém poderia renunciar em um país com tanta água. Questionamento que pode parecer ingênuo para um brasileiro que desperdiça água lavando seu carro no fim-de-semana, mas é bem pertinente quando se trata de Eretz Israel.

Ainda que De Gaulle não tenha mesmo dito a frase a ele atribuída, qualquer brasileiro mais ou menos consciente e realista há de concordar com o francês. Este país não é sério, definitivamente.

Como levar a sério, por exemplo, uma nação em que a pasta do Turismo é administrada por uma sexóloga que, no último dia 13 de maio, afirmou "Relaxa e goza, porque depois você esquece todos os transtornos", ao comentar a crise aeroportuária hoje recorrente, deflagrada em setembro de 2006, quando 153 passageiros e tripulantes do vôo 1907 da Gol foram imolados no choque entre uma aeronave Boeing 737-800 SFP e um jato Embraer Legacy 600, que pertencia a uma empresa estadunidense e era pilotado por estadunidenses? O discurso da Ministra Marta Suplicy é o discurso da autoridade, certo?