segunda-feira, 30 de março de 2009

Picho, logo existo!

Há anos me fascina a pichação: necessidade humana de se inscrever no espaço. Como antropólogo, percebo nela um paralelo válido com as pinturas rupestres, em que o homem primitivo cristalizava sua existência.

Mas as duas realidades mencionadas separam-se por milênios de evolução, e pichar é crime no Brasil: o que torna cada pichador um fora-da-lei. Misto de criminosos e artistas plásticos, os pichadores congregam-se em grupos, alguns deles rivais entre si. Esses grupos de pichadores, seu ofício e suas vivências, a partir de agora, são o objeto de um estudo centrado em técnicas de Antropologia Visual, que desenvolverei com o fotógrafo e jornalista Sinclair Maia.

"Picho, logo existo!" é um olhar antropológico sobre um forma de expressão cujo estatuto de arte é questionado de maneira inversamente proporcional à perspectiva criminosa que lhe é atribuída.

Mais uma vez, nada sutil...

quarta-feira, 25 de março de 2009

A função social do meu blog (2)

Ontem, dia 24, alguém de Uberaba ficou dois minutos e seis segundos no meu blog. No dia anterior, um visitante de Aracaju permaneceu por vinte e cinco minutos e trinta segundos. Graças ao Google Analytics, diariamente, posso avaliar quali-quantitativamente os acessos. Até agora, foram 914 visitantes de 85 cidades diferentes, de todas as regiões do país, desde 14 de dezembro de 2008.

A maioria prefere ler a comentar, imagino. Comentários a minhas confissões e opiniões são bem-vindos, obviamente; sejam aquelas avulsas ou não. A opção por moderar os comentários se deveu, exclusivamente, ao fato de haver usuários valendo-se da liberdade do espaço virtual para publicar anúncios de produtos falsificados ou contrabandeados, ao invés de diálogos entre autor e leitor.

Mas por que comentar? Porque escrever é como ler: semear a semente. Mesmo que esse blog não deixe de ser uma espécie de diário do meu drama cotidiano de desempregado e concursando, gostaria que mais pessoas se manifestassem por aqui.

Afinal, é sempre bom quando as palavras ecoam...

Águas de março (7)

Meu caro Marcelo Mourão Motta Grossi,

Agradeço a gentileza da remessa do poema que muito apreciei. Desejo-lhe o merecido êxito em sua jornada poética.

Atenciosamente,

Lêdo Ivo

quinta-feira, 19 de março de 2009

Águas de março (6)

Não foi dessa vez. Então não tinha que ser...

Que venha o próximo concurso: o do MRE foi pro brejo.

Fiquei em 882º lugar. Cinco pontinhos...

segunda-feira, 16 de março de 2009

Águas de março (5)

Recebi um e-mail do Lexicógrafo-Chefe da A.B.L. confirmando o envio do meu poema a Lêdo Ivo.

São as águas de março...

domingo, 15 de março de 2009

Águas de março (4)

Há algum tempo, o sítio da Academia Brasileira de Letras se tornou destino obrigatório em meus périplos internéticos. Não apenas pelos textos de imortais mas, sobretudo, pelo sistema de busca do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.

Na última semana, despertei para o fato de que poderia me valer de outra facilidade, o "ABL Responde", na tentativa de encaminhar meu poema Setembro ao imortal Lêdo Ivo, alagoano de cuja poesia sou admirador profundo. Na pior das hipóteses, quedar-se-ia meu poema digitado no espaço destinado a uma pergunta, por ser uma não-pergunta. Trata-se de uma confissão na extremunção do poeta. Esse cara esquisito que tem um prazer prometéico em sofrer, ou fingir que sofre. Afinal, otimismo é para os fracos.

Ontem à noite, sábado, fiquei mais surpreso que os italianos depois da concessão de asilo político a Cesare Battisti, ao receber uma resposta para minha não-pergunta. A mensagem eletrônica sugeria, cordialmente, que encaminhasse meu poema para um determinado endereço, que descobri se tratar do e-mail do Lexicógrafo-Chefe da ABL. Graças ao Google.

Humildemente, enviei uma mensagem a ele com meu poema. Nada mais teleológico que a poesia...

quinta-feira, 12 de março de 2009

Águas de março (3)

Hoje é 12 de março, dia de lua cheia. Falta uma semana para a divulgação do resultado do concurso para OFCHAN do MRE.

É hora de ouvir Eclipse, do The Dark Side of the Moon.

À sombra de Tim K

Ontem, o adolescente alemão Tim Kretschmer saiu do ostracismo para se tornar mais um mártir da sociedade do espetáculo, essa que exige representações e adereços materiais e simbólicos muitas vezes fora do alcance de um Bruce Jeffrey Pardo ou de um Cho Seung Hui. Tim K., como ficou conhecido mundialmente o atirador de 17 anos que matou coleguinhas e professoras de sua antiga escola, em Winnenden, na Alemanha, foi mais um idiota que não segurou a própria onda.

Hoje, dia 12 de março, na estrada entre Goiânia e Anápolis, Kleber Barbosa da Silva, após agredir a esposa com golpes de extintor de incêndio, batendo-lhe na cara enquanto dirigia, e jogá-la para fora do veículo em movimento, sequestrou a própria filha e fugiu com ela até Luziânia, na região do Entorno do Distrito Federal. Na segunda-feira, dia 9, em Aparecida de Goiânia, Kleber estuprara uma menina de 13 anos.

Em Luziânia, mesmo sem ter brevê de piloto, sequestrou um avião monomotor no Aeroclube de Brasília, depois de ameaçar o piloto com uma arma de fogo, e voou para Goiânia com a filha. No voo de volta, foi seguido por caças da Força Aérea Brasileira, que tentaram contato com o sequestrador pelo rádio. Sem sucesso.

Depois de manobras arriscadas pelo céu da capital de Goiás, o imbecil pedófilo, estuprador e sequestrador arrebentou o avião no estacionamento de um shopping center, catedral do consumo. Matou-se e levou a filha de cinco anos junto.

Pena que a comoção internacional gerada pelo caso Tim K. tenha ofuscado a perspicácia do goiano...

segunda-feira, 9 de março de 2009

Notícias do front

Ontem foi a prova da ANATEL. Gostei. Não vou passar porque não obtive 90 por cento de acertos, definitivamente. Minha performance, no entanto, está cada vez melhor.

Um dia chega a minha vez. Afinal, como dizia Justino Mourão Motta, "o que tem que ser, tem força".

domingo, 8 de março de 2009

8 de março - Dia Internacional das Mulheres

No Dia Internacional das Mulheres, os cartões de crédito não deveriam ter limite...

Águas de março (2)

Fernando Collor, único Presidente da República que sofreu impeachment, em 1992, foi escolhido por seus pares como Presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado Federal. Uma manobra do PMDB, partido de muitas caras e histórias de vida, mas nenhum pudor. Teme-se o acontecido porque Collor foi alçado à condição de babá do PAC. E o Plano de Aceleração do Crescimento, como todos sabem, é o viagra do Lula.

Com 84 por cento de aprovação popular, Lula imbui-se de um toque de Midas eleitoreiro: todo aquele em que ele "tocar" vira voto. Dilma Rousseff, por exemplo. Depois da cirurgia plástica, do novo corte de cabelo e das lentes de contato, a Chefe da Casa Civil deve ser tornar a primeira presa política a ascender ao Palácio do Planalto, tornando-se Presidente em 2010. Dilma é a mãe do PAC.

Derrotada por mais uma manobra do PMDB, a senadora petista Ideli Salvatti, de Santa Catarina, juntou-se em frustração ao companheiro de partido Tião Viana, do Acre, que perdera a disputa pela Presidência do Senado para o imortal José Sarney, sempre eleito ad infinitum pelo PMDB do Amapá, ex-Presidente da República que faz política como faz literatura: só merda!

Na escolha de Collor para babá do PAC há, obviamente, outra eminência parda: Renan Calheiros (PMDB-AL), ex-Presidente do Senado Federal. Apesar do frequente fogo amigo, o PMDB pertence à base aliada que garante a governabilidade no Congresso Nacional. Ou, pelo menos, algumas facções do partido pertencem, mas elas são quase sempre tão imperceptíveis a olho nu quanto tendenciosas. No Congresso brasileiro, os interesses que têm primazia são os individuais e, no máximo, os partidários, e não os nacionais.

É por isso que o Partido dos Trabalhadores teme a presença de Collor na maternidade do PAC. A Secretaria de Infraestrutura do Senado é responsável pela aprovação de todos os projetos do Programa de Aceleração do Crescimento. Agora, as pretensões eleitorais de Dilma Rousseff parecem atreladas às decisões da Comissão presidida por Fernando Collor. E isso é mais assustador do que Gilmar Mendes na Presidência do Supremo Tribunal Federal.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Águas de março

Fevereiro é um mês estranho, de aquarianos e piscianos.

No último dia 8 de fevereiro, submeti-me às provas do concurso para Oficial de Chancelaria do Ministério das Relações Exteriores. No dia seguinte, destruí o braço fazendo downhill aqui do lado de casa, depois de mais de dez anos sem subir em um skate. Fiquei apenas três dias engessado. Não consigo ficar engessado. Desde os três anos, sempre tirei todos os gessos antes do tempo devido, sem exceção. Tardiamente, soube que tenho Saturno na Casa 1, e que isso redunda em problemas ósseos. E eu, que achava que ter ascendente em Leão tinha a ver só com a arrogância e a pompa leoninas, me fodi.

Sem gesso, fui a BH e fiquei uma semana tomando Mate Couro e Guarapan: gosto (subs.) de infância. Quando se mora longe da mãe, visitar a casa dela sempre é bom. Sempre. Mesmo à espera da divulgação do gabarito preliminar daquele concurso para o qual se estudou praticamente o dia inteiro, de novembro a fevereiro.

Dias tensos: parei de dormir direito duas semanas antes da prova e só voltei a ter noites mais ou menos tranquilas dias depois da divulgação do gabarito, quando minhas esperanças esgotaram e o Carnaval despontava. De BH, voltei a Brasília e fui à Chapada dos Veadeiros na sexta.

Quem não tem colírio, joga pedra na Geni

Foto: Christophe Scianni

Maldito Carnaval em Cavalcante! Dá até nome de bloco carnavalesco: todo mundo fantasiado de bobo da corte naquela cidadezinha no interior de Goiás sem qualquer infra-estrutura para dar conta da demanda massiva de milhares de brasilienses por produtos e serviços. Cachoeira parecendo a Água Mineral quando a umidade relativa do ar começa a chegar a 15 por cento, em qualquer inverno tórrido e seco da Capital Federal. Aliás, brasiliense que não apinhou cachoeira em Cavalcante, superlotou a Pizza Roots (pizzaroots@hotmail.com). Eu e meu amigo franco-italiano esperamos 90 minutos pela pizza. Amadores: nem a Coca eles se dignaram a servir quando fizemos o pedido. A pizza era até boa, depois da espera cruel, ficou excelente!

De qualquer forma, não volto lá nunca mais: ao desistir de pedir a conta à mesa, uma senhora ignorante que parecia a proprietária, além de gritar com a gente no caixa por não saber o número da nossa mesa, até cobrou 10 por cento sobre o serviço (de merda) - que nos recusamos a pagar - e quatro reais de couvert por pessoa - que consentimos em pagar, apesar de não haver qualquer menção a couvert na casa, seja no cardápio ou na pizzaria em si. Pagamos porque ouvimos um qualquer tocando músicas quaisquer, daquelas que ninguém presta atenção quando está com muita fome e muita raiva. Maldito Carnaval em Cavalcante!

Pior: há nove anos, quando havia apenas uma dúzia de estudantes da Universidade de Brasília por lá, todo mundo dizia que a cidade era promessa de crescimento com desenvolvimento sustentável centrado no ecoturimo: balela de universitário maconheiro. Aquilo ali no Carnaval é o caos! And nothing more.

Quoth the raven: nevermore!