quarta-feira, 2 de maio de 2007

Cego e surdo

Tem gente que deveria pensar antes de rebolar. Tem gente que deveria pensar a rebolar.

Tem tempo que não penso sociologicamente. Tem tempo que não reflito nem mesmo sobre a Síndrome de Donnie Brasco. Tem tempo que não escrevo ensaios antropológicos. Nunca senti saudades da UnB, eu acho; mas ouvir Thaíde e DJ Hum, depois de anos, despertou uma lembrança nostálgica de livros resenhados em madrugadas insanas e ensaios escritos depois do prazo de entrega. Como era bom ser um estudante picareta e ter boas notas!

Mas como é extremamente mais difícil ser cego e surdo no Brasil. Principalmente quando você vê um deputado corrupto chorar na televisão numa semana, e duas semanas depois você ouve os versos "o deputado foi fisgado e pra dar uma de coitado chorou feito criança em frente à tela. Safado, ladrão de pai de família trabalhador. Tinha que ter saído da CPI e ido direto pr'uma cela limpar cocô de corredor em corredor".

O álbum "Assim caminha a humanidade", de Thaíde e DJ Hum, foi lançado em 2000, e continua extremamente pertinente. O mote do cenário político brasileiro é a corrupção. Ninguém confia nos políticos como um todo, independente de partido.

Aliás, no Brasil, partido parece time de futebol, e político, jogador. Só eleitor não é que nem torcedor. Torcedor torce porque quer, por opção. Eleitor vota porque é obrigatório. Será que um dia haverá vontade política para tornar o voto facultativo?

É melhor ser cego e surdo ou rebolar sem pensar?

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