segunda-feira, 15 de julho de 2013

Hoboken


Em "Estilos de Antropologia", publicação da Editora da Unicamp, há um bom artigo da antropóloga Mariza Peirano sobre o desenvolvimento da disciplina no Brasil e na Índia. A partir de estudos comparativos, a professora da Universidade de Brasília discute como as visões de mundo de intelectuais brasileiros e indianos diante das realidades de seus respectivos estados nacionais se relacionam com sua produção intelectual e sua postura como cidadãos. Ou coisa parecida...

Longe de mim transformar esse espaço - quase sempre mais lúdico que lúcido - em chatice de antropólogo com pós-graduação; coisa que não sou. Mas não posso me furtar à certa reflexão nem à livre manifestação do pensamento.

Peirano diz que, no caso brasileiro, "o engajamento político do intelectual o ajuda na sua procura de identidade: estudando o indígena, o camponês, o negro, o caipira, as classes urbanas empobrecidas, o antropólogo está escolhendo como objeto de estudo os grupos 'despossuídos' ou 'oprimidos' da sociedade". Segundo ela, "temos os pés fincados no próprio país; é aqui que nossa identidade se desenvolve no dia-a-dia das definições políticas e cívicas, entre padrões de saber que importamos tanto quanto entre os modismos."

E refletir sobre o papel do intelectual brasileiro como um cidadão engajado politicamente me faz lembrar do potencial revolucionário da disseminação do conhecimento. Qualquer conhecimento. Inclusive, música.

Aliás, disseminar música boa é cidadania pura! E engajamento político. Afinal, não existe revolução sem trilha sonora. Ou, pelo menos, não deveria existir. 

Boa manobra léxico-semântica?

Vocês precisavam conhecer "Yo La Tengo", banda de Hoboken, em New Jersey, para dimensionar minhas verdades...


Mas, afinal, quem se importa com as verdades alheias?

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