segunda-feira, 15 de julho de 2013

Road to perdition

Há vinte anos, no primeiro ano do Ensino Médio, li em um texto curto, publicado em um livro didático de inglês, provavelmente da Editora Ática, que os esquimós, ou Inuit (“comedores de carne crua”), teriam em sua língua nativa dezenas de palavras para se referir à neve. Não havia Internet, e eu simplesmente aceitei aquela informação, sem questioná-la.

Ainda na adolescência, foi meu fascínio pela comunicação como expressão que me levou ao estudo sistemático da língua inglesa, a partir dos 16 anos. Descobri que, tal qual os Inuit, os britânicos tinham outras dezenas de palavras para se referir à chuva.

Na época da conclusão da minha graduação em Antropologia, em 2004, meu interesse pela Rússia me aproximou de algumas moscovitas que conheci pelo ICQ, comunicador instantâneo em desuso desde a segunda metade dos anos 2000. Meu inglês era ferramenta de comunicação. O russo que eu sabia era só charme. Assim como, para elas, meu português.

Foi nessa época que comecei a refletir sobre o vocábulo “saudade”, esse sentimento tido como inequívoca herança lusitana e que, em tese, seria privilégio exclusivo dos lusófonos. Com algumas linguistas russas, cheguei a discutir sobre eventuais similaridades entre “saudade” e o vocábulo russo “носталгия” (nostalgia).

Se sentir saudades é mesmo coisa de lusófono, o que dizer sobre as nuances do sentimento? Afinal, quem não conseguiria apontar particularidades em sentir saudade, por exemplo, quando se está apaixonado?

Apaixonar-se é um mecanismo de expressão e de trocas simbólicas, bem como a comunicação.

Quase sempre, o início é caótico, com uma profusão de sentimentos confusos e contraditórios - consistentes com aquela sensação de fascínio e medo experimentada quando se está fora da chamada zona de conforto.

Você é um caminho para a perdição...

Nenhum comentário: