Há vinte anos, no primeiro ano do Ensino Médio, li em um texto
curto, publicado em um livro didático de inglês, provavelmente da
Editora Ática, que os esquimós, ou Inuit (“comedores de
carne crua”), teriam em sua língua nativa dezenas de palavras para
se referir à neve. Não havia Internet, e eu simplesmente aceitei
aquela informação, sem questioná-la.
Ainda na
adolescência, foi meu fascínio pela comunicação como expressão
que me levou ao estudo sistemático da língua inglesa, a partir dos
16 anos. Descobri que, tal qual os Inuit, os britânicos
tinham outras dezenas de palavras para se referir à chuva.
Na época
da conclusão da minha graduação em Antropologia, em 2004, meu
interesse pela Rússia me aproximou de algumas moscovitas que conheci
pelo ICQ, comunicador instantâneo em desuso desde a segunda metade
dos anos 2000. Meu inglês era ferramenta de comunicação. O russo
que eu sabia era só charme. Assim como, para elas, meu português.
Foi nessa
época que comecei a refletir sobre o vocábulo “saudade”, esse
sentimento tido como inequívoca herança lusitana e que, em tese,
seria privilégio exclusivo dos lusófonos. Com algumas linguistas
russas, cheguei a discutir sobre eventuais similaridades entre
“saudade” e o vocábulo russo “носталгия”
(nostalgia).
Se sentir
saudades é mesmo coisa de lusófono, o que dizer sobre as nuances do
sentimento? Afinal, quem não conseguiria apontar particularidades em
sentir saudade, por exemplo, quando se está apaixonado?
Apaixonar-se
é um mecanismo de expressão e de trocas simbólicas, bem como a
comunicação.
Quase sempre, o início é caótico, com uma profusão de sentimentos confusos e contraditórios - consistentes com aquela sensação de fascínio e medo experimentada quando se está fora da chamada zona de conforto.
Quase sempre, o início é caótico, com uma profusão de sentimentos confusos e contraditórios - consistentes com aquela sensação de fascínio e medo experimentada quando se está fora da chamada zona de conforto.
Você é
um caminho para a perdição...
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