terça-feira, 20 de março de 2007

Se queres ser universal, canta tua aldeia

Alguém já se perguntou se as referências a “Japan” e “Japanese” em músicas do CAKE (banda de Sacramento, CA) são mera coincidência, assim como carro é um tema recorrente nelas?

“You get the upper hand and sell it to Japan”. You turn the screws, Prolonging the Magic.

Mas por que pro Japão?

“Well, a lot of good cars are Japanese”. Stickshifts and safetybelts, Fashion Nugget.

Coincidência?!

Afinal, acho que até mesmo “I bombed Korea” e a globalizante “Wheels” são músicas bem “red, white and blue”, não são? Bem, eles são estadunidenses.

“(...) a Japanese man in a business suit singing smokets in your eyes”. Wheels, Pressure Chief.

Não sei se esqueci alguma, mas aí está uma lista de músicas relacionadas a carros, por álbum.

Motorcade of Generosity (1994)

Além do título do álbum, há uma menção irônica em “Comanche” ao assim chamado progresso: “If you want to have cities, you’ve got to build roads”.


Fashion Nugget (1996)

The Distance
Race Car Ya-Yas
Stickshifts and safetybelts


Prolonging the Magic (1998)

Satan is my motor
Alpha Beta Parking Lot


Comfort Eagle (2001)

Short Skirt/Long Jacket
Comfort Eagle
Long line of cars


Pressure Chief (2004)

Wheels
Take it all away
Carbon Monoxide

“Se queres ser universal, canta tua aldeia”, dizia Tolstói. Ao cantar suas cores e aldeias (“from the streets of Sacramento to the free ways of LA”), o CAKE canta seu modus vivendi; com o qual nós, brasileiros, temos sido “catequizados” pelo American way of life desde o final da Segunda Guerra.

Há quantas décadas, por exemplo, o carro se tornou mais do que tão-somente um bem de consumo durável? É um símbolo de status que indica o lugar social de cada um na sociedade de consumo. E quem não tem carro nem CNH, que posição de classe ocupa?

Bá... mas que bá!

E ainda tem gente que se diz preocupada com o aquecimento global. Queria ver todo mundo indo trabalhar de bicicleta ou a pé. Capaz...

Bando de hipócritas.

Nenhum comentário: