terça-feira, 30 de julho de 2013

Você, de quem lembro ter uma bala na agulha

Mais um conto adolescente...


Minha cabeça chacoalha involuntariamente enquanto ouço o baixo pesado de Les Claypool em “The Family and the Fishing Net”. Mas isto já não me faz mais lembrar você. 

Só penso em lembrar dos seus olhos, nada mais. Nada. Seus olhos sempre exprimiram a grandiloqüência da convicção. Eram quase espirituais...

Nem todas as lembranças se apagam. Algumas são como tatuagens. Eternizadas. Geralmente as muito boas e as terrivelmente más. É notável o antagonismo entre elas, mas são as que ficam. Por si só, extremadas.

Lembro do seu extremismo. Era algo que sempre deixava você um passo a frente de todos. Um passo e um tombo a frente dos outros. Mas você era boa sob pressão, tinha tudo sob controle. Até demais...

Então não devo mais desejar? Não. Mas não posso esquecer. Você sempre foi a dona da situação. Você.

Sobrou em mim uma ferida feita na carne, um pensamento até involuntário, uma saudade atroz, uma mordaça no meu espírito. Alguma melodia triste de algo que não consegue se lembrar minha memória fatigada. Talvez uma quase determinação em acreditar que nem tudo é ao contrário.

Você sempre teve a faca e o queijo na mão...

01-99 (Brasília - Distrito Federal)





3 comentários:

Beatriz disse...

ô meu!! tá muito bom esse texto!

Beatriz disse...

baita texto, marcelo!!

Marcelo Grossi disse...

Escrito em janeiro de 99. Tinha 20 anos.