quinta-feira, 23 de julho de 2009

A um aceno da cabeça

José Sarney, Presidente do Senado Federal, soçobra. No âmbito de investigações levadas a cabo pela Polícia Federal, sua neta Maria Beatriz Sarney aparece em negociata escusa com o pai, Fernando Sarney, investigado pela PF, em conversas grampeadas com autorização judicial. É 1º de abril de 2008: Bia quer a nomeação do namorado, Henrique Dias Bernardes, a cargo comissionado na casa (que nem era à época) presidida pelo Vovô Sarney, na "vaga que era do irmão".

Tempestade em copo d'água, claro, já que se trata de cargo de livre nomeação e exoneração (ad nutum). Mas a dimensão simbólica de mais esse "ato secreto" torna ainda mais canhestra e insustentável a situação do Presidente do Senado. O critério efetivo para essa nomeação é indiscutível: namorar a neta de Don Sarney, o chefe da famiglia. Que mal há nisso?

Se o clã Sarney consegue transformar dinheiro em votos no Amapá e no Maranhão há décadas, por que não haveriam eles de lidar, também, com a coisa pública como se privada fosse? E o que se faz na privada é julgamento de conveniência e oportunidade de cada um, ora bolas.

Nem Sêneca livra mais José Sarney da renúncia à Presidência do Senado Federal. E se o Conselho de Ética não fosse uma piada tão bisonha quanto o Poder Legislativo em si, Sarney teria que renunciar ao mandato, ou então ser processado e, no mínimo, cassado por quebra de decoro parlamentar.

A um aceno da cabeça, Sarney cai...

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