domingo, 8 de março de 2009

Águas de março (2)

Fernando Collor, único Presidente da República que sofreu impeachment, em 1992, foi escolhido por seus pares como Presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado Federal. Uma manobra do PMDB, partido de muitas caras e histórias de vida, mas nenhum pudor. Teme-se o acontecido porque Collor foi alçado à condição de babá do PAC. E o Plano de Aceleração do Crescimento, como todos sabem, é o viagra do Lula.

Com 84 por cento de aprovação popular, Lula imbui-se de um toque de Midas eleitoreiro: todo aquele em que ele "tocar" vira voto. Dilma Rousseff, por exemplo. Depois da cirurgia plástica, do novo corte de cabelo e das lentes de contato, a Chefe da Casa Civil deve ser tornar a primeira presa política a ascender ao Palácio do Planalto, tornando-se Presidente em 2010. Dilma é a mãe do PAC.

Derrotada por mais uma manobra do PMDB, a senadora petista Ideli Salvatti, de Santa Catarina, juntou-se em frustração ao companheiro de partido Tião Viana, do Acre, que perdera a disputa pela Presidência do Senado para o imortal José Sarney, sempre eleito ad infinitum pelo PMDB do Amapá, ex-Presidente da República que faz política como faz literatura: só merda!

Na escolha de Collor para babá do PAC há, obviamente, outra eminência parda: Renan Calheiros (PMDB-AL), ex-Presidente do Senado Federal. Apesar do frequente fogo amigo, o PMDB pertence à base aliada que garante a governabilidade no Congresso Nacional. Ou, pelo menos, algumas facções do partido pertencem, mas elas são quase sempre tão imperceptíveis a olho nu quanto tendenciosas. No Congresso brasileiro, os interesses que têm primazia são os individuais e, no máximo, os partidários, e não os nacionais.

É por isso que o Partido dos Trabalhadores teme a presença de Collor na maternidade do PAC. A Secretaria de Infraestrutura do Senado é responsável pela aprovação de todos os projetos do Programa de Aceleração do Crescimento. Agora, as pretensões eleitorais de Dilma Rousseff parecem atreladas às decisões da Comissão presidida por Fernando Collor. E isso é mais assustador do que Gilmar Mendes na Presidência do Supremo Tribunal Federal.

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