segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Antissocial, eu?


Há alguns anos, tentei defender pelo ICQ, conversando com uma linguista russa, a ideia de que a palavra "saudade" não tinha paralelo em outros idiomas. Afinal, cresci ouvindo isso de professores de português e outras pessoas que, talvez, sabiam mais do que eu.

Eis que, então, entra em vigência em 1º de janeiro de 2009 um novo acordo ortográfico entre os países lusófonos. Puta que pariu, quem precisava disso? Aposto que os portugueses, puristas, prefeririam o acto de preservar acentos, hífens e tremas ao ato de defenestrá-los da "última flor do Lácio". E quem mais fala português no mundo?

Ah, pára. Nós, do Brasil, falamos brasileiro, é quase certo. Há alguns africanos. E ponto final. Mas depois de dois séculos de abolição da escravidão no Brasil, a África é um bom espaço para o proselitismo e o multilateralismo da política externa lulista. E mais nada.

Se não falamos nem escrevemos o português dos portugueses nem dos africanos, por que diabos um acordo ortográfico? Tal qual os estadunidenses e os britânicos, nós, falantes de português, somos também separados por um idioma. Quem pensa diferente está fazendo proselitismo.

Que saudade dos meus tempos de Ensino Fundamental! Depois de alfabetizado, percebia os vícios ortográficos das pessoas mais velhas que eu, cuja alfabetização teria ocorrido antes da última reforma. Agora é minha vez.

Quanto à amiga moscovita, ela lembrou-se da palavra russa "носталгиа" (nostalgia), e eu não consegui convencê-la de que saudade era outra coisa.

2 comentários:

Rebeca Ribeiro disse...

Eu detestei esse acordo. Acho que nunca vou me habituar a escrever paranóia sem acento... E bem feito pra mim que faço letras: ou adere ao acordo ou morre. (nem tão drástico, mas é mais ou menos por aí.)

E quanto à textos longos e sem parágrafos, eu também não leio. E parei de escrever assim há um bom tempo... Mas a viagem do Jim era das boas sim. Não sem um certo esforço, mas li tudo. (talvez por ser um comentário no meu blog, eu tivesse me sentido na obrigação. Valeu a pena)

Abraços.

Rebeca Ribeiro disse...

Falando em ortografia... Eu pus uma crase ali onde ela nao devia existir... Mas deixa. Não vou apagar o comentário e postar de novo só por isso...