terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A caverna de cada um

O legado grego à humanidade é inquestionável. O mito da caverna é um bom exemplo. Criado por Platão, um aristocrata ateniense, trata-se de uma alegoria que, em última instância, descreve a própria sociedade de Atenas, quatro séculos antes de Cristo. É possível, todavia, imaginar que nós, cidadãos do terceiro milênio, vivemos ainda na tal caverna?


A democracia grega, sectária, fundava-se na escravidão e na coerção do homem pelo homem. Mais de dois mil anos depois, a consolidação dos direitos humanos garante a igualdade formal entre os homens. No entanto, o livre-arbítrio continua limitado por campos de possibilidades: contingências materiais e simbólicas.

Absorto em sua rotina, cada um percebe-se mais ou menos circunscrito a uma realidade limitada, sobretudo, por determinantes alheios à sua vontade. Cada um em sua caverna, acostumamo-nos a assistir à televisão como se, a partir dela, contemplássemos o real.

Essa caverna, tal qual uma camisa-de-força, cerceia, aprisiona, amedronta, ilude. Assim, cada um permanece na condição alegórica de aprisionado, sobretudo quando alheio à tal condição.

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